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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Epizêuxis, Epizêuxis, é mês de agosto em Palmas


Esse mês de olimpíada, julgamento do mensalão, greves e campanhas políticas para eleições municipais tem sido, no mínimo, agitado. Entre jingles grudentos  e insuportáveis de candidatos e propagandas de lojas emitidas em carros e motos de som, declarações acéfalas de ministros dadas a repórteres outrora idealistas e hoje sedentos por aparecer na televisão,  advogados milionários reinventando a retórica aristotélica e recriando a realidade esquecida pelos professores que sabem tudo de processo civil e o exame da ordem de cor e salteado, estamos nós: os Palmenses. Direto da Palmas menos famosa e mais fria, estamos aqui para afirmar que somos, segundo consta, também brasileiros. Ou não?
Pergunta que não quer calar: O que é ser brasileiro? Ou melhor, já que tudo não passa de um reflexo, o que é ser Palmense? Assim, de soco ou abruptamente como queiram, nada. Nada de tão significante. Hoje, ser brasileiro e palmense significa viver num país onde o estado se intromete na sua vida, onde, para mudar suas condições de vida, o cidadão precisa conseguir alguma cota ou bolsa, ficar “popular” e entrar na política e dar continuidade (sem ter estudado, ou com excessões mesmo tendo estudado) a esse círculo vicioso, onde o incentivo ao mérito é algo que não existe e, no caso dos palmenses como eu, sempre tentar explicar onde é a Palmas do Paraná, que lá faz frio, que fica perto de Pato Branco da mulher do seriado televisivo, que mérito para a sociedade palmense quem tem são os puxa-sacos, que em Palmas existem campos que ventam bastante e lá tem uma usina eólica que pertence a Água Doce, Santa Catarina. Tem, inclusive, uma faculdade que virou Instituto que voltou, mas não voltou da greve, tem também zero de incentivo à cultura, à música de qualidade, ao turismo, às novas indústrias sem crase. Palmas do Paraná é sui generis. Ao passear pelas ruas é possível deleitar-se e ver, além do lixo pelo chão, a sua própria morte bem de perto. Afinal, se não for esfaqueado por alguém vindo bêbado de algum lugar, poderá, certamente, ser atropelado por algum carro financiado conduzido por algum ser (bêbado também, ou fingindo estar) vindo de qualquer lugar e indo para lugar nenhum, com sua pseudo/música/sertaneja/techno/brega e sei lá mais o que  fazendo voltas no “bobódromo” e mostrando sua “macheza” para as gurias sedentas por mais um domingo na praça. 

Vamos estacionar o carro e admitir que Jorge Amado só não foi mais famoso com seus romances porque nasceu em uma fazenda de Ilhéus e não de Palmas. Se seguires o meu conselho ficarás bêbado também e verás que lá está o Jesus armado da estátua em frente a igreja olhando a todos impassivo. Certamente pensando, vou tomar um chope com esse cara na choparia que não vende chope. Ou sair andar de bicicleta por aí com o ciclista sem perna. Que nada. Talvez dar um mergulho no rio de esgoto da gruta e apreciar a paisagem de algum suicida se jogando da cachoeira seja mais aprazível. Talvez. Talvez seja melhor ouvir o nosso Chico Anísio e sua sabedoria proverbial que revela que esse agosto está só na metade e esse humor banguela que causa inveja a Schopenhauer reflete apenas a vontade de estar batendo asas por aí. Ou melhor, Palmas por aí junto de seu amor que hoje está distante. Mas amanhã estará perto sem vírgulas. 

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